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terça-feira, 1 de abril de 2008

O trovador escocês

Coletâneas são bastante úteis quando você não conhece um artista e quer uma visão geral sobre ele. Ok, então, se a coletâneas for competente, você pode passar a ser um fã do cara. Comigo o exemplo mais contundente foi quando, afim de aprender um pouco sobre David Bowie, baixei a ótima compilação em dois volumes do Camaleão. Foi foda. Outra boa coletâneas é o Best Of do Blur. Não dá vontade de pular uma faixa sequer.
É exatamente por isso que resolvi, ao invés de colocar um bom álbum, colocar aqui essa coletânea bastante honesta de um cara meio escondido, mas bastante talentoso, o escocês Donovan que NÃO é o Donavon Frankenreiter. Não tenho estatísticas e nem faço questão, mas acredito que mesmo as pessoas que curtem bastante sons da década de 60 não conheçam as canções do trovador que viajou junto com os Beatles para a Índia em 1968. Pra falar a verdade, ele fez mais do que isso, já que, nessa viagem ensinou a Paul McCartney e John Lennon um tipo peculiar de dedilhado, o chamado clawfinger. Ah, você não sabe o que é isso? Então ouça “Dear Prudence” ou “Blackbird”, ambas do Álbum Branco. Paul, em sua biografia, diz que não conseguiu aprender exatamente o que Donovan ensinou, mas o resultado final foi inegavelmente bom e produtivo, já que muitas décadas depois ele ainda gravaria “Jenny Wren”.

Beleza, agora sobre o disco...

Acredito que nesse álbum você pode sentir todo o lirismo literário do artista. Ele consegue em muitas músicas contar histórias bonitas, em outras verdadeiros hits pop com aquele inevitável feeling psicodélico da época. Experimente “Lalena” e “Atlantis” para o sentimento grandioso de uma história mitológica. Coloque “Mellow Yellow” ou “Wear Your Love Like Heaven” para o que seria alguma fonte de inspiração para o que gostamos de chamar de britpop.

É verdade que ele já foi considerado a “resposta britânica para Bob Dylan”, e também é verdade que em muitas músicas ele adota o estilo voz-e-violão-com-gaita-meio-mal-tocada, mas é exatamente no oposto disso que seu estilo chama atenção já que, ao contrário do que pode-se considerar o jeito mal-humorado e resmunguento de Dylan, Donovan é um dos melhores representantes do flower power e suas linhas são doces e bem-humorados, muitas vezes adicionando sons inusitados e coloridos à sua música. Justamente por isso, são faixas como “Sunshine Superman” que funcionam como um bom exemplo de sua música e não – na minha opinião, boas canções com “Catch the Wind” que acaba inevitavelmente sofrendo por lembrar demais “Blowin' in the Wind”.
E o sotaque só aumenta o charme das músicas. Pode mandar ver, é bem legal.



Ficha Técnica
Sunshine Superman – The Very Best of Donovan
Gravadora: EMI, 2002


Músicas para download

1."Sunshine Superman" – 4:33
2."Mellow Yellow" – 3:39
3."Catch the Wind" – 2:55
4."There Is a Mountain" – 2:35
5."Colours" – 2:45
6."Jennifer Juniper" – 2:42
7."The Trip" – 4:34
8."Sunny Goodge Street" – 2:55
9."Happiness Runs" – 3:25
10."Poor Cow" – 2:57
11."Preachin' Love" – 2:40
12."Hurdy Gurdy Man" – 3:13
13."Superlungs My Supergirl" – 2:40
14."Season of the Witch" – 4:55
15."Turquoise" – 3:30
16."Epistle to Dippy" – 3:10
17."Sand and Foam" – 3:19
18."Atlantis" – 4:59
19."Guinevere" – 3:40
20."Wear Your Love Like Heaven" – 2:24
21."Barabajagal (Love Is Hot)" – 3:21
22."Laleña" – 2:54



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3 comentários:

daniel marques disse...

mais uma vez...tenho sempre um pé atrás com coletâneas...
gosto quando são organizadas cronologicamente, aí meu desanimo diminui.
mesmo assim, conheço pouco de donovan...só ouvi o disco "sunshine superman", que é fodido!
assim, vai ser bom conhecer as suas músicas talvez mais "pop"

Anônimo disse...

o foda dessa época era que ser "pop" significava ser tudo que de bom se fala sobre o rock.
pena que algumas músicas do donovan sejam difíceis de gostar...muito barulho.

Guilherme disse...

donovan me dá urticária...