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sexta-feira, 18 de abril de 2008

O eterno Van Morrison

Achei difícil encontrar um jeito de começar esse post. Confesso que a segunda parte dele saiu bem mais fácil. Cara, como falar sobriamente de um disco que surpreende não pela novidade, mas sim por transformar o velho em novo? Acho que é exatamente isso que Van Morrison conseguiu fazer com seu novo trabalho: Keep It Simple, lançando nos Estados Unidos no dia 1º de abril.

Fiquei com a impressão de ter ouvido a voz da sabedoria. Nada de simples nesse álbum: o velhinho voltou a fazer um disco de blues carregado com influências do R&B e no Soul, solto do ponto de vista técnico, já que mantém seu estilo único de cantar com sofrimento, e incrivelmente animado. “That’s Entrainment”, “Song Of Home” e “Behind The Ritual” são os pontos MAIS altos.

Já que as minhas palavras saíram complicadas, deixo aqui uma tradução livre do que foi escrito sobre o disco no site da Amazon (para a versão original, e bem mais poética, escorregue aqui!)

"Em Keep It Simple, Morrison veste todos os trajes como compositor, músico e letrista e prova ser uma pessoa astuta e bem-sucedida como produtor também, escolhendo ardilosamente manter todos os vocais e instrumentos em sua forma orgânica e original (first takes).”

Um puta elogio!

Ficha Técnica


Keep It Simple – Van Morrison
Lançamento original: abril, 2008
Duração: 49:54
Gravadora: Lost Highway

Músicas para download

1. How Can A Poor Boy – 5:43
2. School Of Hard Knocks – 3:44
3. That’s Entrainment – 4:32
4. Don’t Go To Nightclubs Anymore – 4:31
5. Lover Come Back – 5:15
6. Keep It Simple – 3:34
7. End Of The Land – 3:16
8. Song Of Home – 4:12
9. No Thing – 4:31
10. Soul – 3:36
11. Behind The Ritual – 6:59

Sempre à sombra

Esse lançamento fez com que minhas atenções também se voltassem ao passado de Van Morrison. Suas produções recentes, ainda que frutíferas, sempre serão sujeitas a comparações com um dos maiores discos da história da música britânica. Em setembro deste ano, Astral Weeks completará 40 anos de vida. O incrível é que sua atualidade ganha forças cada vez que você o coloca para tocar.

Esse disco foi criado por um processo de fluxo de consciência bastante melancólico: músicas sobre a infância, sobre amores perdidos e amores encontrados, figuras nas paredes que fazem rememorar sensações de mediocridade. Tudo isso está lá, velado sobre a forte voz de Van Morrison, às vezes exagerada na medida certa (sei lá se isso é possível). Ali no ponto, todos os instrumentos trabalham somente para a voz do cantor: ajudam-no cantar a dor, ajudam-no a sentir tudo que está na pele. Por isso, as letras são desconexas, trabalham pelo ritmo. Gosto muito desse trabalho. O baixo de madeira dá uma sensação clássica, ao contrário dos teclados e sopros que conduzem a um caminho moderno. O simples trabalho de violão é essencial e marca as raízes irlandesas do compositor.


É sempre importante lembrar que Astral Weeks foi produzido em um momento péssimo da carreira do criador da estonteante “Gloria”. Van Morrison revelou, anos depois, que passava fome (literalmente) à época das gravações. Além disso, não tinha em sua companhia membros de suas antigas bandas e, sendo assim, as sessões dentro dos estúdios eram realmente para expelir sentimentos. Está aí: visceral, essa é a palavra (já desgastada).

Muitos mitos foram criados em torno deste disco. Principalmente após o cri-crítico Lester Banks afirmar que ele transformou sua vida. O escritor afirma que nunca havia ouvido nada parecido com isso e, depois de tomar diversas pílulas de sei-lá-o-que, sentiu realmente o que era a dor de viver. Na minha opinião tudo bizarro ao estilo de Banks, mas o cara estava certo: não há nada igual a Astral Weeks. Além disso, o próprio nome do trabalho também ganhou conotações místicas, assim como a música “Madame George” - cujo título original “Madame Joy” foi descartado na hora do lançamento - foi tido com um hino a um travesti inglês. Tudo besteira!

Acho a faixa “Ballerina” a mais linda do álbum. “Cyprus Avenue” é a mais inquietante, com suas aliterações excelentes! “They Way Young Lovers Do” é a mais divertida. E a que leva o nome do disco é a mais... foda?

Ficha Técnica


Astral Weeks – Van Morrison
Lançamento original: setembro, 1968
Duração: 46:05
Gravadora: Warner

Músicas para download

1. Astral Weeks – 7:00
2. Beside You – 5:10
3. Sweet Thing – 4:10
4. Cyprus Avenue – 6:50
5. The Way Young Lovers Do – 3:10
6. Madame George – 9:25
7. Ballerina – 7:00
8. Slim Slow Slider – 3:20

Não tem nada a ver com o post, mas deixo aqui uma versão de “Gloria” com o John Lee Hooker. Acho que depois dessa, no mínimo um dos discos alguém vai querer baixar!

4 comentários:

Lui disse...

Tchuuuu, que lindo, não sabia que você também gostava do Van Morrison! Eu sou louca por ele, tanto sozinho quanto junto com o Them, acho "Into The Mystic" e "Tupelo Honey" duas das músicas mais lindas da história, e não canso de ouvir "My Lonely Sad Eyes" e "Could You, Would You". Vou baixar esse disco e depois te conto o que achei, mas já adorei ver meu queridildo no blog! Beijos!

Anônimo disse...

van morrison... é irmão do van halen?

daniel marques disse...

Puxa lui! gosto muito do cara, principalmente de astral weeks...não conhecia muito, e foi uma linda surpresa!
achei interessante também mostrar o van velhão! ele manteve a classe e seu último disco vale muito a pena!
bjão

Anônimo disse...

pois é... vale lembrar que o cara é o meio irmão do van halen e irmão do jim morrison...