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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Cavalera Conspiracy: peso fraternal

Nenhuma banda brasileira fez tanto sucesso internacional quanto o Sepultura. Álbuns como os excelentes Arise, Chaos A.D. e Roots elevaram a fama de Max e Iggor (à época com apenas um “g” no nome) Cavalera, Andreas Kisser e Paulo Jr. a ponto de estarem a pé de igualdade com bandas como Pantera, Slayer, Megadeth entre outros montros sagrados do metal. A decadência da banda - que ainda prometia muito - começou com a inesperada saída do guitarrista e vocalista Max Cavalera, em dezembro de 1996.


Os motivos da briga e como o Sepultura seguiu depois da saída de seu principal compositor não interessam neste post, pois é flagrante que a banda perdeu importância (e, na minha opinião, qualidade) e Max, com sua nova banda, Soulfly (que é mal rotulada como new metal), até alcançou algum sucesso comercial, mas acabou se distanciando do mercado brasileiro e também perdeu qualidade.

Depois disso, nunca mais o Brasil conseguiria lançar uma banda de tanta relevância internacional. E nem vem que não tem, que o sucessinho do CSS e do Bonde do Role é incomparável ao que foi o Sepultura. Muitos alegam (e eu entre eles) que isso aconteceu quando os irmãos Cavalera se separaram. Iggor é um monstro na bateria, que pode ser comparado com os grandes nomes do metal no instrumento, como Dave Lombardo e Vinnie Paul Abbot, mas não segurou a banda sem a pujança e a, com o perdão da expressão, tosquice de seu irmão Max. Já os outros membros, também não tinham o mesmo apelo: Andreas é muito técnico, mas não compunha tão malévolamente bem para o metal, Paulo Jr. só tem tosquice e Derrick Green, que entrou para substituir Max nos berros guturais, simplesmente nunca foi tão bom quanto seu antecessor.

Enfim, por isso que quando eu soube que Max e Iggor voltariam a tocar juntos era sinal de alguma coisa muito interessante acontecendo. Assim que descobri que os irmão voltariam a tocar sob o nome de Cavalera Conspiracy, procurei o myspace desesperadamente. A página existia, mas estava sem músicas. Motivo: eles estavam em estúdio. Poucos meses depois já estavam disponíveis a música que dá o nome ao primeiro disco, “Inflikted”, e o single “Sanctuary”. Pirei.




O som me lembrou o Sepultura, mas com algumas mudanças, é tão pesado quanto, mas mais claro, nítido. Um tapa na orelha sem dó nem piedade. A bateria do Iggor Cavalera soa quase hardcore, mas com a técnica do metal e muita dinâmica, que dá grandes contrastes às músicas. As guitarras soam como toda boa guitarra de metal deve soar: percussivas, com riffs marcantes e dissonantes e, principalmente, com muita distorção. Verdade que os solos de Marc Rizzo, que também é do Soulfly, não são tão legais quanto o do Andréas Kisser, principalmente porque destoam do peso do Cavalera Conspiracy por serem muito, hum, técnicos e utilizarem escalas até um pouco exóticas, orientais. Deveria ser tudo porrada, o Kerry King do Slayer deveria estar destilando um de seus não-solos sem escalas e cheios de notas. Mas nem tudo é perfeito. E como em toda boa banda de trash metal, o baixo de Joe Duplantier é inaudível e as letras são uma merda. Mas isso é muito metal e não incomoda aos mais acostumados ao estilo, que, em vez de repetir "amor" a qualquer verso, repete "morte", "doença", "sangue" e outras palavras menos singelas.

Comprei hoje o disco e viciei. Inflikted não perde o foco nunca, é um soco no estômago do começo ao fim, é o disco perfeito para esse retorno fraternal, nenhum fã de Sepultura dos bons tempos pode colocar defeito.

Abaixo está o assustador clipe do primeiro single, "Sanctuary". Ao meu ver é um dos melhores clipes de 2008, já que uma criatura deformada matando a galera no set de filmagem do próprio clipe tem tudo a ver com o som da banda hehe. Mais abaixo, o indispensável disco para download (olha que esse download vem do disco original com qualidade máxima para um mp3). Ouçam alto!









Ficha técnica



















Inflikted - Cavalera Conspiracy
Lançamento original: 24 de março de 2008
Duração: 43:31
Produtor: Max Cavalera
Gravadora: Roadrunner Records



Músicas para download

1. "Inflikted" - 4:32
2. "Sanctuary" - 3:23
3. "Terrorize" - 3:37
4. "Black Ark" - 4:54
5. "Ultra-Violent" - 3:47
6. "Hex" - 2:37
7. "The Doom of All Fires" - 2:12
8. "Bloodbrawl" - 5:41
9. "Nevertrust" - 2:23
10. "Hearts of Darkness" - 4:29
11. "Must Kill" - 5:56

5 comentários:

Anônimo disse...

Parece que o pessoal do Ferrugem está se abrindo para um som mais pesado. Gostei...!

andré spera disse...

é como se cada um tivesse uma certa especialidade. como o juliano andava sumido, o som pesado não aparecia. haha - agora estamos chegando a um nível bastante bom de variedade. eu sei que não vou gostar do disco, mas vou puxar pra ouvir.. hehe.

Anônimo disse...

identidade! é isso que faltava. agora já acostumei a abrir o ferrugem e ver , pela primeira vez, alguém falando com sinceridade sobre sons pesados.

Anônimo disse...

Ah-á, eu sabia que vc tinha uma veia metaleira. :)
Boa resenha, Juliano. Gostei bastante. Aliás, o blog está bem legal. Parabéns!

Ps: aqui é a Ju da Cásper ;)

Fel Mendes disse...

Juliano, voltei aqui para ver o clipe. Demorei para entrar no clima da matança, achei meio bobão um cara encapuzado...Mas reconheço que o som tem alguma estranha beleza. Uma coisa gutural, quase que demais.
Até.

Ps. Tire as porras das letras de confirmação!! Olha o que eu tive que digitar: qeaeczyv !!