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quinta-feira, 6 de março de 2008

Fatos e curiosidades acerca de um ex-Beatle ou pérolas obscuras no início de uma década duvidosa.


Fato 1: Paul McCartney é um dos músicos mais influentes do século XX, XXI e todos os outros vindouros.

Fato 2: Seu repertório enquanto um dos Beatles é praticamente irretocável .

Fato 3: Contudo, sua carreira solo é muitas vezes menosprezada por conta de um ou outro chiclete que ele tenha lançado, como “Mary Had a Little Lamb” (do seu primeiro disco com os Wings, Wild Life) ou a irritante “Freedom” na época do furor do 11 de setembro. Ela parecia bonitinha, tinha o Eric na guitarra, aquele tom de homenagem, mas depois encheu o saco pra caralho.

Fato 4: o que jamais impediu Paul de lançar pelo menos uma ou duas pérolas em cada disco, mesmo que o resto não seja tão bom. Exemplo? Fácil: “Little Lamb Dragonfly” e “My Love” de Red Rose Speedway, que não é lá um disco tão cheio de maravilhas assim, mas essas duas são de arrepiar.

Fato 5: Muitos artistas vindos das décadas de 60 e 70 simplesmente pisaram na bola nos estranhos anos 80, abusando de sintetizadores bregas, reverbs horríveis na caixa da bateria e mixagens esdrúxulas, que hoje em dia soam simplesmente... datadas. Entretanto, isso (quase) não ocorreu com Paul no excelente Tug of War de 1982. Além disso, esse disco conta com a participação de Stevie Wonder em duas faixas, “What’s that You’re Doing”, que é muito boa, e a exagerada “Ebony and Ivory”, que não precisava ter aquela introdução do Criança Esperança. A produção é do George Martin e o Ringo tocou bateria também. E opa! Já ia esquecendo, tem também o lendário Carl Perkins em “Get It”.

Entre tantos amigos e parceiros, há uma absurdamente belíssima faixa incrustada no meio do disco, como uma jóia a ser descoberta. “Here Today” precisa ser ouvida não só por ser bela por si só, mas também por conta da letra, já que é uma espécie de conversa entre Paul e John Lennon, assassinado dois anos antes.

Vale lembrar que na época do assassinato, muitos criticaram McCartney por ter reagido de “forma fria”. Isso não é só indevido como leviano, já que ninguém estava na pele dele – a não ser ele. Sua resposta, que não foi imediata porque ele simplesmente não queria compor algo porque precisava, sem esperar vir uma boa idéia, foi essa música.
Já desculpando todo mundo, vou me permitir fazer uma tradução livre de uns trechos da faixa, pra vocês sentirem o poder de fogo. Lá vou eu:

E se eu disser,
que te conhecia muito bem
qual seria sua resposta?
Aqui, hoje

Bem, te conhecendo
Você provavelmente diria
Que éramos mundos diferentes

(...)
E se eu disser,
que realmente te amava
e estou feliz que você está por aqui
se você estivesse aqui hoje
pois você está na minha canção
Aqui, hoje.



Classifico esse disco como “muito bom”. Há mais faixas que seguem o melhor estilo McCartney com melodias lindas e facilmente assobiáveis. Ele nunca foi um grande estudioso de harmonia e por isso são todas fáceis de tocar, mas cantar como ele, lá em cima, quase ninguém faz, e também não é qualquer um que senta com o violão e levanta com “The Pound is Sinking” ou “Wanderlust”.



Ficha técnica:



Tug of War – Paul McCartney
Lançamento original: 1982
Duração 40:59
Gravadora: EMI – Capitol

Músicas para download:

1. Tug Of War
2. Take It Away
3. Somebody Who Cares
4. What That's You're Doing
5. Here Today
6. Ballroom Dancing
7. The Pound Is Sinking
8. Wanderlust
9. Get It
10. Be What You See
11. Drees Me Up As A Robber
12. Ebony And Ivory

5 comentários:

daniel marques disse...

tenho sempre medo de me aprofundar nos anos 80! mas paul é talvez o músico de mais bom gosto que já ouvi.

coitado do stevie wonder, "ebony and ivory" era seu xodó!

ps - ainda afirmo, desprezando a opinião de qualquer outro ser humano, que George sempre foi o melhor beatle.

Juliano Coelho disse...

Gosto muito de alguns discos do paul, como o ram e o chaos and creation, mas não gosto de nada do wings. o fato de tug of war ser um album do paul da década de 80 me deixa com a pulga atrás da orelha...mas veremos.

Adriano Conter disse...

Aproveito o p.s. do Daniel para dizer que o Ringo, também ao contrário do que muita gente pensa, era tão genial quanto qualquer outro Beatle.

Anônimo disse...

Hummm...pra falar a verdade eu acho o Paul meio bo-ring, e sempre fui uma Lennon Girl. Porém, em homenagem ao Andrezito, darei alguma chance pra ele, ok?

Fel Mendes disse...

Baixei o disco......e gostei!

Boa dica.