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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Fel Rock Fest III

E o Ferrugem esteve mais uma vez dormindo... O último post foi há mais de uma semana, mas os motivos são interessantes! A turma que aqui escreve deixou para trás a crítica musical por um tempinho – ou seja lá o que nós fazíamos – para tocar um projeto paralelo que, esperamos, trará mais frutos do que a brincadeira de brincar de jornalista.

Abrimos mão de tudo isso para, ao lado de Fel Mendes, do Vermute Com Amendoim, e Marcelo Cobra, do E Digo Mais, ajudar uma turminha de amigos a divulgarem suas músicas em uma balada no dia 17 de outubro, no Hotel Cambridge, São Paulo.



Em sua terceira edição, o Fel Rock Fest – antes uma festa caseira, agora com um leve toque de profissionalismo – é a chance de você conhecer pessoalmente quem escreve aqui: a galera do Benjamins, com André Spera e Juliano Coelho dividindo a guitarra e o baixo, ao lado de Adriano Conter na bateria. A noite também contará com a banda Rosebud, mais um projeto de Juliano e amigos em comum. Nos intervalos, os DJ's Tchu e Cobra soltam nas pickups tudo de bom que já passou por este blog e mais um pouco.

Ficou interessado? Entra aqui porra: grupomanivela.blogspot.com

Neste endereço, você ficará sabendo de tudo que vai rolar no Fel Rock Fest III e também poderá ouvir um pouquinho do som de cada banda.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A arte de odiar

A Mitsubishi FM 92,5 é uma das novas rádios de São Paulo. Na primeira vez que parei para ouvir a programação, a impressão foi muito boa – fiquei surpreso em ouvir Beatles, e além disso, uma das obscuras e uma das minhas favoritas do Lennon, “Hey Bulldog!”. Mas não é exatamente sobre essa música ou sobre Beatles que quero falar. Na verdade, eu escrevo dessa vez para falar mal, e olha que eu sempre evito detonar alguma coisa, até porque outros colunistas do Ferrugem tem mais habilidade para destruição do que eu, e esse é um dom especial, que admiro bastante, até pelo poder cômico que isso tem. 


O fato é que por mais que uma rádio seja boa, ela não é um álbum de uma banda que você gosta, por isso mesmo, uma hora coisas ruins aparecem. Bom, era de manhã e eu sintonizei pra ouvir alguma coisa enquanto me barbeava. Ok, começamos com Rolling Stones, ótimo. Depois Journey – rock farofa anos 80, bom? Não. Divertido? Sem dúvida... até que chegamos em Nickelback: cruzes.


Esforço-me ao máximo para colocar em palavras o quanto acho Nickelback ruim. Em tempo, essa deve ser a pior banda famosa de todos os tempos, isso porque não posso falar de bandas que não conheço. Eles conseguem a proeza de fazer sempre a mesma música. E como se isso não bastasse, irritar o ouvido de todos com aquele rock “nervosinho” mas sensível, e que parece de novo e mais uma vez contar sobre como o vocalista Chad Kroeger está triste, remoendo mágoas a respeito de uma namorada que tipo... morreu em algum acidente de carro (look at this photograph...). Os truques são sempre os mesmos, os instrumentos sempre soam iguais e todos os refrões se encaixam em toda e qualquer música da banda. Isso não é bom. Você pode muito bem me dizer “deixa quieto, pelo menos eles estão ganhando dinheiro sem fazer mal pra ninguém”. Mentira e, se é mesmo assim, eu poderia enumerar pelo menos cem boas bandas que ganharam muito dinheiro fazendo um som de fato bom.


Você, que lê o Ferrugem também poderia, eu tenho certeza disso. 


P.S.: eu posso ter tomado um café alucinógeno, mas parece que tocou The Clash no programa da Ana Maria Braga...


sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Post esquisito

Se Deus fosse baterista, invocar a santíssima trindade provavelmente seria algo assim: “Em nome de John Bonham, Ian Paice e Keith Moon, amém”. Pensa só, ninguém nunca fez nada parecido com o que eles criaram. Muito pelo contrário, seus estilos são como um evangelho que todo mundo adota cegamente. E o mais incrível é que eles viveram juntos e não deixaram nada para outras gerações, renegadas ao limbo de décadas infinitamente mais chatas do que a de 70.

É maluco como os três são tão parecidos em alguns aspectos – como potência sonora e irreverência –, mas tão singulares em outros. Cada um deles tem uma vantagem que falta ao outro. Somados, não só deixariam o planeta terra em êxtase – como fizeram, de alguma maneira –, mas seriam simplesmente incompreensíveis aos ouvidos de simples mortais como nós.

Ian Paice é o certinho. Postura perfeita, grip impecável, técnica evoluída (como a dos anciões do jazz) e canhoto, só para tornar tudo um pouco mais diabólico. John Bonham era o pedreiro: baquetas como martelos de Thor e precisão de um relógio, tudo isso aliado a uma criatividade emocionante. Keith Moon era o geninho. Segurando a baqueta pelas pontinhas, como se fosse derrubá-las, ele dispensava o chimbal, porque com ele não havia groove, mas um eterno solo com muitas pratadas, bumbos duplos e movimentos de cabeça.
Quem é o melhor? Não sei. Talvez essa não seja a grande questão. Mais fácil é responder quem é o seu favorito. Analisando friamente, o Ian Paice parece ter uma grande vantagem sobre os outros: ele conseguiu sobreviver. Passar pela época de culto às drogas e sair ileso talvez tenha até diminuído seus feitos perante a história, pois não há dúvidas que os dois concorrentes – mortos pelo exagero – sejam mais conhecidos e celebrados. No entanto, a capacidade que Ian Paice ainda tem de ensinar, dar workshops e assinar autógrafos de pequenos entusiastas do instrumento, com certeza supera o glamour de uma lenda.

Quando ele toca parece dizer: “Olha nós éramos bons porque fazíamos assim, não porque éramos chapados”. Se Keith Moon estivesse vivo como o colega, talvez tantos bateristas não estivessem plagiando sua pose, mas, sim, sua musicalidade. Com sua imagem de vovô da bateria, ele poderia falar: “Olha, nós éramos parte de uma época de excessos que já acabou. Agora vamos tentar reinventar aquilo que eu tocava, porém dessa vez sem os terninhos e a panca de desajustado”.

Hoje, nós criamos muitos virtuosos e imitões, mas onde estão os salvadores de nosso tempo? Enquanto Deus não manda nenhum outro representante até a Terra, eu fico com aquele que já está um pouco gasto, mas está aí.


Bom, é melhor terminar esse post antes que ele vá para algum lugar mais inesperado do que este em que chegou. Mas antes, uma homenagem ao Ian Paice: meu disco favorita do Deep Purple, aquele que tem as músicas mais famosas da banda, o Machine Head, de 1972.



Machine Head - Deep Purple
1972



1. Higway Star
2. Maybe I'm a Leo
3. Pictures of home
4. Never Before
5. Smoke on the Water
6. Lazy
7. Space Trucking



para fechar, um solo do vovô...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

polemizando

Daniel Marques e Juliano Coelho decidem qual é a melhor banda dos anos 80 - a decisão é irrevogável. 

METALLICA

Novos gênios, capítulo 2

Eu gosto pacas do Kings of Leon, desde o primeiro CD. Os caras são fodas e, por isso, eu acho que eles merecem entrar nessa minha seção de "Novos gênios", que eu não repito desde meu segundo post. O último álbum, Because of The Times, é especialmente bom, mesmo sendo o trabalho em que eles tenham perdido aquela pegada mais country. Na minha opinião, saiu o country e entrou a maturidade. E parece que é essa mesma pegada que vem no disco novo, Only by The Night, que sai ainda neste mês de setembro e já tem single no MySpace. O título da música é "Sex On Fire". Vai lá!

Update

O site do NME noticiou que o single do qual eu falei acima está em primeiro nas paradas inglesas, superando o tema infinitamente pior "I Kissed a Girl" da Perry, que está no topo desde o começo do mês passado.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Este disco ficou muito tempo na lista de “álbuns que preciso postar”. Entretanto, nunca acreditei ter competência para falar dele. Não conheço outros discos da banda, mas sei que este é um dos melhores. Eu não vou saber de cabeça o nome dos integrantes à época, só posso dizer que o Gary Moore ainda não estava lá – mas também sou contra textos enciclopédicos que despejam dados e tudo fica muito chato. No final, acabei por me convencer de que esta minha indicação é muito honesta. Tão honesta como aquele momento em que uma música te pega de jeito, e você nem sabe quem é que está tocando.

Ainda não estou totalmente convencido de que Jailbreak se trata, nos mínimos detalhes, de um álbum conceitual. Parece ser: a temática ronda uma certa fuga, uma batalha em uma suposta prisão, eu sei lá, vejam a capa. O que acontece depois é teoricamente a história desse fugitivo e sua turma. Eu não vou escrever muito não, nem precisa, mas queria utilizar o gancho do disco para comentar sobre timbres.

Na hora que você vai gravar, precisa de referências, dicas que te ajudam a obter aquele som que você acredita ser fantástico. Partindo desse princípio, é natural observar que cada estilo de música, cada gênero, tem seus timbres peculiares. Entretanto, nada pode superar o bom gosto. É subjetivo? Sim, talvez nem tanto. Pois muito bem, esse disco é uma das coisas mais bem gravadas dos anos 70 (talvez a década de melhores timbres naturais do todos os tempos,..., ou você gosta daquela bateria cheia de reverb que teimaram em inventar na década seguinte?). A bateria é linda, cheia e crua. As guitarras, que seguem o estilo twin-lead-guitars, ou seja, as duas solando juntas, tem um timbre maravilhoso de Les Paul ligada em amp Marshall. Phil Lynott era uma grande intérprete e um ótimo letrista. Enfim, artistas de fato.

É claro que em algum ponto, a galera simplesmente não sabe a hora de parar. Se você der uma olhada neste vídeo aqui, vai perceber, no mínimo duas coisas tristes:

1) sim, depois que Lynott morreu, a banda continuou, obviamente sem o carisma e talento do líder.

2) sim, eles ainda fazem shows, de maneira decadente. Em 2008, abrindo para o Def Leppard (argh!), agora, preste atenção no vídeo: onde é que estão as guitarras gêmeas? Não. Não estão lá.



E o mais engraçado, algo que li num cometário do vídeo no YouTube: é realmente, a impressão que dá é que em algum momento três quartos dessa banda esteve no Whitesnake, coisa que eu
não posso confirmar. Algum especialista em heavy metal ruim pode ajudar?

Músicas para download

Thin Lizzy, Jailbreak - 1976
produzido por John Alcock

  1. "Jailbreak" – 4:01
  2. "Angel from the Coast"(Lynott, Brian Robertson) – 3:03
  3. "Running Back" – 3:13
  4. "Romeo and the Lonely Girl" – 3:55
  5. "Warriors" (Lynott, Scott Gorham) – 4:09
  6. "The Boys Are Back in Town" – 4:27
  7. "Fight or Fall" – 3:45
  8. "Cowboy Song" (Lynott, Brian Downey)– 5:16
  9. "Emerald" (Gorham, Downey, Robertson, Lynott) – 4:03

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

EXTRA!

O novo do Metallica, Death Magnetic, vazou. A gente costuma não noticiar isso aqui, mas já que é o Metallica, que, além de ser excelente banda, gosta de foder com os downloads na internet, abrimos exceção. 

Estou ouvindo a segunda música aqui e a turma de James Hetfield está indo muito bem. O single "The Day That Never Comes" tem um começo muito chato mesmo, mas, na boa, as duas primeiras músicas desse disco já valem mais do que toda a carreira da banda pós Black Album. Aparentemente a fonte do vazamento foi a França. Corram e baixem antes que Lars Ulrich perceba!

UPDATE

Fiz um arquivo rar com todas as músicas em mp3 para serem baixadas de uma vez: ei-lo.

Agora sim. Quando o disco for lançado oficialmente posto a ficha técnica e a resenha. Mas já adianto que é coisa finíssima e que estou bastante impressionado.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Pergunto aos leitores

É o meu novo joguinho. É o seguinte: a gente quer muito acreditar que aqui a gente mostra coisas boas. Outro dia eu estava mexendo no Metacritics e o disco dessa sueca chamada Robyn era um dos indicados a melhores do ano.

Só que eu e Daniel Marques simplesmente achamos ruim, pouca musicalidade, uma batida roubada de pancadão carioca (que por um motivo estranho os gringos adoram e acham "exotic) e essa menininha aê, com músicos com cabeça de urso. O que vocês acham, isso é bom?



segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Direto do forno - The National

O vocal de Matt Berninger é melancólico e sua banda The National é um bom reflexo das influências de Nick Cave e The Smiths. Tudo isso daria muito errado se não fosse tratado com suavidade e com melodias que tocam alguma coisa lá no fundo, algo que andei comentando com o colunista e futeboleiro Juliano e que acho difícil de explicar.

A banda do meio-oeste dos Estados Unidos caminha em direção contrária àqueles que surgem meteoricamente e sempre carregadas de superlativos e classificações constrangedoras. Sua música é simples, direta e cortante. A bateria, um dos pontos mais fortes, lembra bastante ao estilo de Larry Mullen, do U2.

Tudo bem. Não é a promessa do rock dos anos 00. Aliás, qual é? Mas as canções de The National servem muito ao seu propósito. Ouça o lançamento mais recente, Boxer, de 2007.
Gosto muito de "Mistaken for Strangers" e "Slow Show".


Deixo aqui "Fake Empire", um belo manifesto contra a hipocrisia do falecido império norte-americano. É a onda Obama influenciando a música!








Boxer - The National
Download aqui no rapidshare

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A voz das montanhas

Pra quem gosta de música brasileira, acredito que dois livros são essenciais. Um deles é o Noites Tropicais do Nelson Motta, uma espécie de biografia/relato do próprio. Ele narra tudo o que viveu, viu e ouviu, desde quando moleque, encantado com o som de João Gilberto até momentos mais recentes, como suas parcerias com Lulu Santos e trabalhos com Marisa Monte. O cara realmente é uma espécie de testemunha ocular da música. Acontece que seu relato é, muito justamente, mais ligado à cena Rio/São Paulo. Ele não esteve em todos os cantos do país ao mesmo tempo, por isso é que, como um complemento, eu sempre costumo sugerir às pessoas outro livro fantástico, Os Sonhos Não Envelhecem – histórias do Clube da Esquina.

Esse, escrito pelo Márcio Borges (irmão do Lô Borges) é um outro relato no estilo testemunha ocular, que conta, entre outras coisas, como um grupo de moleques ligadassos em música e cinema se tornou uma fonte de criação musical autêntica, com um som muito próprio e que não bebia exatamente das mesmas fontes da galera da Bossa Nova ou da Tropicália. É outra coisa, um ar de montanha, de estrada de terra, de trem maria-fumaça e viagem com os amigos. E também vale a pena ler para montar na cabeça uma espécie de filme. Você consegue ver um molecote negro e magrelo nas escadas do prédio onde os Borges moravam, tocando violão puxando as cordas de uma maneira peculiar (pense na introdução de “Travessia” e no violão dos versos de “Alunar” deste disco) e com uma voz de reverb natural. É meio que de arrepiar.
Pois bem, isso tudo é para você criar uma base de comparação. Estou recomendando aqui um dos meus discos favoritos daquele que se tornou o artista mais famoso do clube, Milton Nascimento.

Este é o álbum Milton de 1970. Eu quase, mas quase mesmo, escolhi o seu disco de 72, entretanto três músicas em especial me fizeram dar preferência a esse. São elas “Alunar”, “Canto Latino” e “Clube da Esquina” (não confundir com a bem mais famosa “Clube da Esquina nº2”). Enfim, como se não bastasse, esse álbum também traz “Para Lennon e McCartney”, que é hit e tem uma guitarra sensacional. A única intrusa é “A Felicidade”, uma bossa de Tom Jobim e Vinícius de Moraes... só que uma intrusa dessas, na voz de Milton (que estava no auge) é sempre bem-vinda.


Uma das características mais interessantes desse disco (assim como de vários outros do Milton, ou do Lô Borges, por exemplo) é que poucas canções são de apenas um só compositor. Eles eram uma espécie de grupo de composição, e produziam muito. Por isso, várias gravadas são parcerias, e parcerias que deram muito certo, como por exemplo a dupla que o Milton formou com o Fernando Brant. Se você for atrás vai ver a quantidade assombrosa de canções lindas feitas pelos dois, como “Canção da América”. “Alunar” é uma canção dos irmãos Borges (Lô e Márcio), enquanto a linda “Clube da Esquina” era uma canção sem letra de Lô e Milton que impressionou tanto Márcio que ele logo começou a trabalhar uma letra. O resultado está aí, entre outras canções de atmosfera única.



Ficha Técnica




Milton Nascimento - Milton Lançado em 1970,

Clique aqui e encontre o Milton (1970) no Rapidshare.

1 Para Lennon E McCartney
2 Amigo, Amiga
3 Maria Tres Filhos
4 Clube Da Esquina
5 Canto Latino
6 Durango Kid
7 Pai Grande
8 Alunar
9 A Felicidade
10 Tema de Tostao
11 O Homem Da Sucursal
12 Aqui E O Pais Do Futebol
13 O Jogo



Aqui, um vídeo de 1997, Milton tocando só com o violão "Clube da Esquina". Comparem as versões...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Metallica decepciona mais uma vez

Pode parecer injusto falar do novo do Metallica tendo escutado só uma música, o single, "The day that never comes". Mas confiem em mim: pela amostra, o álbum Death Magnetic vai ser uma bosta. Talvez não seja tão ruim como o último, St. Anger (2003), mas isso não quer dizer nada. O tema que disponibilizo abaixo lembra mais um metal afetado desses que o Angra fazia aos montes aqui no Brasil. A diferença é que os tiozinhos do trash foram produzidos por Rick Rubin.

Então tenham certeza, não vai ser dessa vez que os fãs mais xiitas verão alguma coisa parecida com o último trabalho que agradou os metaleiros, o premiado Master of Puppets (1986). Já eu provavelmente não vou escutar nada igual ao disco preto (1991), uma porrada no ouvido e meu favorito dos caras. Uma pena!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Os arretados Allman Brothers


Li uma notícia interessante sobre brigas entre bandas, gravadoras e o tal do download publicada ontem no New York Times. A banda em questão, aliás, é uma das minhas favoritas.

Diz a pequena matéria que os remanescentes membros do Allman Brothers Band estão processando a gravadora UMG Recordings com base no argumento de “exploração digital”. Liderado por Gregg Allman, o grupo alega que suas músicas foram comercializadas, sem o pagamento devido dos royalties, por meio de CDs não autorizados, ring tones e iTunes. O valor da indenização seria de U$ 13 milhões. Amigo e economista de plantão do Ferrugem, Fernando Ferrari, pode transformar isso em reais por favor?

Não quero entrar no mérito da questão, mas faltou dizer que as “músicas comercializadas” indevidamente foram gravadas entre 1969 e 1980.

Em conversa com o colunista Juliano, tive a idéia de cutucar com a vara mais curta da história uma banda que admiro. Por isso, não me venham processar Allman Brothers, pois disponibilizo aqui o primeiro disco de vocês.


Lançado em 1969, The Allman Brothers Band não foi lá muito bem aceito pelo público, mas foi aclamado pela crítica. Conseguiu atrair atenção somente pelo fato de ter sido um dos pioneiros em resgatar o rock sulista dos Estados Unidos. Formado em uma cidadezinha chamada Macon, Geórgia, estado natal de Ray Charles e outros, o grupo dos irmãos Duane e Gregg Allman traziam em suas composições uma característica única: união entre poderosos riffs que representavam culturalmente a região e uma vertente moderna para criar improvisações.

No disco, dois clássicos que seriam marcas registradas em grandiosos shows realizados em Fillmore East entre os anos de 1970 e 1971. “Dreams” e “Whipping Post” tornaram-se duas das maiores músicas da banda e realmente são registros inquestionáveis da habilidade de Duane tocando slide guitar e de seu irmão Gregg, vocalista e tecladista exuberante. É importante lembrar que Duane morreu dois anos depois do lançamento desse álbum em um acidente de moto, tragédia que viria a repercutir negativamente no som da turma em trabalhos futuros.

Caso essa brincadeira de “bom gosto" ofenda você Gregg, por favor não peça U$ 13 milhões. Somos humildes estudantes de jornalismo.

Ficha Técnica


The Allman Brothers Band – The Allman Brothers Band
Lançamento original: novembro, 1969

Músicas para download

1- Don’t Want You No More (Spencer Davis / Eddie Hardin) – 2:29
2- It’s Not My Cross To Bear (Gregg Allman) – 4:48
3- Black Hearted Woman (Gregg Allman) – 5:20
4- Trouble No More (Muddy Waters) – 3:47
5- Every Hungry Woman (Gregg Allman) – 4:16
6- Dreams (Gregg Allman) – 7:19
7- Whipping Post (Gregg Allman) - 5:19

O video de “Whipping Post”, gravado em Fillmore East. A qualidade é tosca, eu sei, mas vale a pena.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Memória póstuma a Isaac Hayes

O cara tinha uma careca lisinha lisinha e uma voz grossa grossa. Morreu sabe-se lá de que, aos 65 anos, depois de acumular o apelido de músico mais “quente” do funk. Conquistou o povo negro ao fechar o Festival de Wattstax em 1972, resposta musical e política dos “irmãos” ao Woodstock e espécie de celebração dos conflitos ocorridos no subúrbio de Watts, próximo de Los Angeles, em 1965 – fato que culminou com a morte do ativista Martin Luther King.

Quase que política entra de fininho aqui no Ferrugem.


Como o papo aqui é música, meu humilde desejo é realizar uma memória póstuma a Isaac Hayes e comentar o que, para mim, é seu melhor disco: Hot Buttered Soul, de 1969. Pode gritar, espernear e chorar dizendo que a trilha sonora para o filme Shaft, de 1971 é melhor. Bom... gosto, como meu amigo Fel Mendes do Vermute gosta de dizer, é igual braço. Ou você tem ou você não tem.

Como o próprio nome diz, esse disco é amanteigado e quente. A voz sussurrada de Isaac Hayes é um atestado que romantismo precisa ser também sensual e que a soul music é mais que uma dose de três minutos de sentimentalismo. Arranjos incríveis, interpretação classuda e um som que viria influenciar uma geração inteira. Como fica claro pelo tempo de cada música, três acima dos 9 minutos, o músico e seu teclado tiveram total liberdade dentro dos estúdios da Stax, espécie de irmã pobre da Motown; ou melhor, espécie de irmã experimental.

Ficha Técnica


Hot Buttered Soul - Isaac Hayes
Lançamento original: julho, 1969

Músicas para download

1- Walk On By (Burt Bacharach / Hal David) - 12:03
2- Hyperbolicsyllabicsesquedalymistic (Isaac Hayes / Alvertis Isbell) - 9:38
3- One Woman (Charles Charmer / Sandra Rhodes) - 5:10
4- By The Time I Got To Phoenix (Jimmy Webb) - 18:42

Para aqueles que espernearam, a introdução de Shaft, em Wattstax. "The baaaad motherfucker".

domingo, 10 de agosto de 2008

Chapei

Já achava o novo disco do Portishead, Third, um dos melhores do ano, senão o melhor. Mas o pirado novo clipe da maravilhosa música The Rip não precisa nem de um escrutínio mais dedicado. Já é, sem hesitar, o melhor do ano, aliás, o melhor clipe de uns dez anos pra cá.

Ouça alto:

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

rock galês

Primeiro, eu ia colocar uma bela coletânea do Bread. Aí comecei um texto, mas as férias me deram uma preguiça-bloqueio. Não ia pra frente. Depois, pensei em colocar um disco meio esquecido dos Beatles, estava com ele na mão, mas mudei de idéia. Como faz tempo que eu não escrevo nada aqui no blog, ou seja, estava de fato enferrujado, resolvi escolher algo relativamente raro, que talvez seja mais difícil de encontrar e realmente diferente. Olhei para uma pequena pilha de discos que tenho aqui na minha frente. O nome mais esquisito era esse: Gorky's Zygotic Mynci. Achei meu post.


Bom, o negócio é o seguinte: Essa era uma banda do País de Gales, e não é à toa que muitas das músicas, além do próprio nome do grupo, estão em galês (zygotic lembra aulas de biologia, mas parece que mynci quer dizer macaco... não ajuda né?). Lembro que descobri a banda assistindo o Lado B da MTV e, meio que perdido na programação, estava um clipe deles. Era da música “Spanish Dance Troupe”, que inclusive é uma das melhores do disco e tem um clipe meio cigano, meio espanhol e meio chapado. Parece realmente a trilha de uma viagem que você está fazendo com uma trupe de dança espanhola e vocês estão indo até a Romênia.



No mais, canções que conseguem juntar o pop melódico típico de bandas britânicas desde os Beatles com esquisitices galesas – pra não forçar a barra e dizer que “oh, eles fazem um som folk”, porque, como disse antes, esse termo já encheu o saco – e barulheiras divertidas de guitarras, que criam sons ambientes e psicodélicos. Na primeira faixa, fique atento à cigarra e deixe o disco rolando, a segunda faixa é fodida e a última, um mini-épico emocionante. O disco é realmente bom, e a voz de Euros Childs (sim, mais um nome esquisito) é de timbre peculiar e doce.

Ainda que seja somente para constar como a banda com nome mais zoado que você já ouviu, Spanish Dance Troupe é um dos melhores álbuns feitos na década de 90 na ilha da rainha e que conseguiu de maneira muito pessoal fugir da típica sonoridade presa entre a briga Oasis x Blur. É uma outra coisa. É som de caipira, véi. Preste atenção no sotaque.

Ficha Técnica



Gorky's Zygotic Mynci - Spanish Dance Troupe
Lançado em 1999



1."Hallway"
2."Poodle Rockin'"
3."She Lives on a Mountain"
4."Drws" (James)
5."Over and Out" (E. Childs, James)
6."Don't You Worry" (M. Childs)
7."Faraway Eyes" (E. Childs, James)
8."Fool" (James)
9."Hair Like Monkey"
10."Spanish Dance Troupe"
11."Desolation Blues"
12."Murder Ballad"
13."Freckles"
14."Christmas Eve"
15."Humming Song"

Respostas

Pois bem, suas chances acabaram. O cachorro-quente com batata-palha da semana passada será guardado para o próximo desafio.



As respostas (não que sejam importantes, afinal ninguém participou):



1- So Sad (George Harrisson, The Dark Horse, de 1974)



2- Feelin' Blue (Creedence Clearwater Revival, Willy and the Poor Boys, de 1969)



3- Worry, Worry (Buddy Guy, A man and the blues, de 1968)



4- Whoa Mule (The Black Crowes, Warpaint, de 2008)



5- Love in vain (The Rolling Stones, Let It Bleed, de 1969) - A versão original é de Robert Johnson, bluseiro do Delta do Mississippi

6- Nature's Disappearing (John Mayall, USA Union, de 1970)



7- Blues Boys Tune (B.B. King, Blues on the Bayou, de 1998


segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Blues para todo o sempre

Segunda-feira é o dia mais triste de todos. Aproveitando o clima, fiz uma coletânea de blues de maneira bem preguiçosa para renovar minha MUXTAPE.

Coloquei apenas os nomes das músicas na esperança de criar aqueles joguinhos Flash Pops da vida. Tem coisa boa aí como "Worry, Worry" de um dos guitarristas mais soul do blues e a melancólica "Love In Vain"!

Quem acertar todos os músicos/bandas ganha um cachorro-quente especial da República da Farofa, com direito a bata-palha da semana passada.

Sem vergonha gente: podem mandar as respostas ai mesmo no botão de comentários!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

A piada que ficou sem graça

Tive um acesso de boa vontade e resolvi ouvir o novo disco do CSS, a bandinha brasileira mais famosinha no exterior (desculpem-me pelos diminutivos, mas eu não consigo evitá-los). Quem já lê o ferrugem há algum tempo já deve ter sacado, pelo teor das postagens, que o nosso negócio não é postar o que está estourando no blog do Lucio Ribeiro (nada contra, eu mesmo visito o blog com certa assiduidade e separo o joio do trigo) e sim o que a gente acha que é bom, com muito (e merecido) espaço às velharias, mas resolvi abrir uma exceção.


Donkey, o tal disco do CSS, é, pelo que todos os críticos estão falando, polêmico porque é mais sério e traz mais guitarras (vejam só o sinal dos tempos, guitarra, hoje, é sinal de seriedade). Francamente, não consigo entender o que uma série de músicas enfadonhas, repetitivas e absolutamente insossas até para dançar – já que, aparentemente, este é um dos apelos da banda – podem ter de polêmicas. A verdade é que o CSS deve ter percebido que seria impossível fazer um álbum como o primeiro de sua carreira, que tem seu trunfo na novidade exótica, para a gringaiada dizer: “olha, tem uma japonesinha bochechuda dando pulinhos, e ela vem de um país tropical, do terceiro mundo, que, até onde eu sabia, só toca samba e bossa nova”.

O CSS não podia repetir a piada. De fato, não repetiu, mas contou uma muito sem graça. No fim das contas, o CSS esbarrou na própria inaptidão e, na tentativa de fazer um disco sério, fez um disco chato.

Donkey é um album repleto de lugares comuns do indie rock, como músicas começadas com riffs de baixo, tecladinhos, guitarras limpas tocando fraseados pegajosos e refrõezinhos com uma batida disco. Soma-se a essa falta de inovação o vocal de Lovefoxxx, que, de tão limitado, permite que ela cante, no máximo, umas três notas por música. Duas músicas destoam um pouco desse estilo, e por isso mesmo, são menos piores: "I Fly" e "Move". A primeira traz uma guitarrada honesta (mas que eu duvido que a moça do CSS consiga tocar) e a segunda é a melhor música do disco, porque traz um vocal um pouquinho mais melódico (mas fica claro, mesmo na gravação, que a Lovefoxx vai desafinar ao vivo ao cantar essa música) e porque me lembra muito uma música de que gosto do Men At Work (para um disco tão ruim, isso é um baita elogio).

Minha conclusão é: se você quer ouvir um bom indie rock dançante, vale muito mais a pena esperar o novo disco do Franz Ferdinand.


A única coisa boa de Donkey é a iniciativa da Trama, que distribui o disco aqui no Brasil, em disponibilizar o download gratuito no seu site oficial. Ou seja, quem quiser discordar de mim, pode entrar lá e baixar, mas eu, sinceramente, acho que o tempo de vocês pode ser gasto com piadas mais engraçadas.

Ficha Técnica















Donkey - CSS (Cansei de Ser Superestimado)

Lançamento oficial: 21 de julho de 2008

Músicas para download

1-"Jåger Yoga" — 3:49
2-"Rat Is Dead (Rage)" — 3:19
3-"Reggae All Night" — 3:54
4-"Give Up" — 3:21
5-"Left Behind" — 3:31
6-"Beautiful Song" — 3:28
7-"How I Became Paranoid" — 3:26
8-"Move" — 3:53
9-"I Fly" — 3:17
10-"Believe Achieve" — 3:36
11-"Air Painter" — 3:48

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Amanhã tem show do Muse


* Já que sou sempre lembrado nos comentários deste blog por minha aparência não tão óbvia com integrantes de diferentes bandas, decidi dar meu primeiro pitaco por aqui. Caso gostem, visitem o bigorna ou o e digo mais, são legais também!

E eu estarei lá.
Gosto da banda mais ou menos desde 2003, quando eles lançaram o CD Absolution (até hoje meu preferido). Eles são um trio inglês de rock meio alternativo, meio eletrônico, indie ou qualquer outra definição do tipo. Já tinha assistido a uns vídeos dos caras tocando ao vivo, no YouTube. Achei bem legal. Mas depois que vi e ouvi o CD/DVD H.A.A.R.P. achei melhor ainda. É uma puuuta produção com direito a chuva de papel, luzes, um telão enorme ao fundo do palco e balões sobrevoando a platéia. Tem gente que acha tosco, que o show tem que ser a banda e não um monte de efeito que eles usam para impressionar. Eu gosto. E acho que chuva de papel sempre funciona. Quer emocionar? Joga uns pedaços de papel do alto do palco e divirta-se.


Aqui no Brasil, obviamente, não vai ser tão puuuta produção assim. O HSBC Brasil nem comporta um show desse naipe (que foi gravado no Estádio de Wembley com ingressos esgotados). Mas, além desses efeitinhos de espetáculo, tem o som dos caras. Ao vivo é bom e empolga bastante. As músicas ajudam, já que quase todas têm aquele clima de estádio, de gritos de guerra, com refrões bem marcados e fortes. O Matthew Bellamy (vocalista) usa e abusa de um recurso que é marcadamente uma característica dele, e que o pessoal às vezes torce o nariz. Ele suga o ar antes de cada verso das músicas e dá uma impressão de que está precisando descansar e respirar um pouco. Mas na verdade é um charme pras músicas ganharem aquele quê de "será que o mundo vai acabar? olha que desespero!". E ele tem esse cabelo de emo, mas não é emo não (apesar de ter aberto os shows do My Chemical Romance nos EUA).

Para quem conhece, imagine Hysteria ao vivo, Knights of Cydonia, Supermassive Black Hole, Bliss. Do caralho! Eu tô empolgado e espero que o show seja excelente. Mas prometo voltar por aqui para dar meu parecer sobre a performance. Talvez eu deixe de lado esse relato parcial e diga se foi mesmo tão bom quanto imaginava ou se decepcionou. Talvez não. Na verdade, acho que vou gostar de qualquer jeito. Mas meu amigo Daniel Marques estará lá comigo e poderá falar com mais sinceridade sobre o que foi apresentado. Se a gente discordar bastante, dá até pra montar um ringue e dar porrada. Veremos!

Enquanto isso, time is runing out...



Ficha Técnica


H.A.A.R.P - Muse
Lançamento original: março, 2008

Músicas para download (link no Lágrima Psicodélica)

1. Intro/Dance of the Knights [From Romeo and Juliet] (1:45)
2. Knights Of Cydonia (6:37)
3. Hysteria (4:19)
4. Supermassive Black Hole (4:00)
5. Map Of The Problematique (5:22)
6. Butterflies And Hurricanes (5:56)
7. Invincible (6:15)
8. Starlight (4:14)
9. Time Is Running Out (4:23)
10. New Born/Microphone Fiend (8:16)
11. Unintended (4:35)
12. Microcuts (3:47)
13. Stockholm Syndrome (7:37)
14. Take A Bow (4:44)

Desenterrando raridades: Bob Dylan

É sempre interessante quando gravadoras e artistas unem-se para desenterrar artefatos arqueológicos valiosos. Essa introdução sem pé nem cabeça serve apenas para dar a linha: Bob Dylan anunciou nesta terça-feira (29/07) que vai lançar o oitavo capítulo da série “Bootleg” (gravações não utilizadas e raridades de estúdio) em outubro. Tell Talle Signs reúne peças de museus que datam de seus últimos vinte anos, desde o disco cristão Oh Mercy ao fantástico Modern Times.


Leia a matéria do Estadão na íntegra.


Aproveitando o momento, deixo aqui uma coletânea de gravações informais de Bob Dylan acompanhado de sua banda favorita, The Band, com o título simplório de The Basement Tapes. As músicas, entre elas standards do country, composições do próprio Dylan e algumas surpreendentes canções escritas pelos integrantes da banda de apoio canadense, foram gravadas entre 1967 e 1975, em um estúdio no porão da casa de Dylan em Woodstock, New York. Vale a pena!

Aliás, estou devendo um disco do The Band aqui viu. Puta banda boa.


Ficha Técnica


The Basement Tapes – Bob Dylan and The Band
Lançamento original: junho, 1975


Músicas para downloadVol. 1 e Vol. 2


1. "Odds and Ends" (Dylan) (take 2, additional overdubs) – 1:46
2. "Orange Juice Blues (Blues for Breakfast)" (Manuel) (additional overdubs) – 3:37
3. "Million Dollar Bash" (Dylan) (take 2) – 2:31
4. "Yazoo Street Scandal" (Robertson) – 3:27
5. "Goin' to Acapulco" (Dylan) – 5:26
6. "Katie's Been Gone" (Manuel, Robertson) – 2:43
7. "Lo and Behold!" (Dylan) (take 2) – 2:45
8. "Bessie Smith" (Danko, Robertson) – 4:17
9. "Clothesline Saga" (Dylan) (take 1, additional overdubs) – 2:56
10. "Apple Suckling Tree" (Dylan) (take 2) – 2:48
11. "Please, Mrs. Henry" (Dylan) (take 2) – 2:31
12. "Tears of Rage" (Dylan, Manuel) (take 3) – 4:11

1. "Too Much of Nothing" (Dylan) (take 1) – 3:01
2. "Yea! Heavy and a Bottle of Bread" (Dylan) (take 2) – 2:13
3. "Ain't No More Cane" (Traditional) – 3:56
4. "Crash on the Levee (Down in the Flood)" (Dylan) (take 2) – 2:03
5. "Ruben Remus" (Manuel, Robertson) – 3:13
6. "Tiny Montgomery" (Dylan) – 2:45
7. "You Ain't Goin' Nowhere" (Dylan) (take 2, additional overdubs) – 2:42
8. "Don't Ya Tell Henry" (Dylan) – 3:12
9. "Nothing Was Delivered" (Dylan) (take 2) – 4:22
10. "Open the Door, Homer" (Dylan) (take 1) – 2:49
11. "Long Distance Operator" (Dylan) – 3:38
12. "This Wheel's on Fire" (Danko, Dylan) (additional overdubs) – 3:49


sexta-feira, 25 de julho de 2008

Direto do forno: The Black Keyes

Mais um direto do forno. Tudo bem, o disco Attack and Release da dupla The Black Keyes não é tão novo assim, saiu em abril deste ano. Mesmo assim bateu uma necessidade de colocá-lo aqui no Ferrugem, pois pouco li sobre o lançamento aqui no Brasil. A proposta de Dan Auerbach, vocais e guitarra, e Patrick Carney, bateria e percussão, é simples: um som mergulhado em influências do blues sulista dos Estados Unidos, com distorções pesadas de guitarras ao estilo Led Zeppelin. Tudo isso feito pelas próprias mãos, em um estúdio improvisado na garagem da casa onde moram em Akron, Ohio.

O resultado lo-tech pode cansar um pouco e o disco em si perde sua força criativa no miolo, mas fiquei bastante impressionado pela potência do som que esses dois arrancam de seus instrumentos.




Eis o que foi dito sobre os caras (a tradução, novamente, é livre):

“A produção de Brian ‘Danger Mouse’ Burton – que já havia trabalho em faixas do último disco de Ike Turner – transformou Attack and Release em um trabalho multicolorido: uma mistura psicodélica com raízes de R&B, Brit-invasion em seu estado mais bruto e blues.” Will Hermes, Rolling Stones

“Entre as duplas mais expressivas do rock, como The Kills e The White Stripes, os caras do Black Keyes são os menos afetados pelas mudanças na indústria. Por isso, não é de se estranhar que o som cru e com riffs pesados ilustra uma vida que parece mais com uma experiência de Jimi Hendrix.” James Barry, Amazon.co.uk



Ficha Técnica


Attack and Release - The Black Keyes

Lançamento original: abril, 2008



Músicas para download:

1- All You Ever Wanted (2:55)
2- I Got Mine (3:58)
3- Strange Times (3:09)
4- Psychotic Girl (4:10)
5- Lies (3:58)
6- Remember When (Side A) (3:21)
7- Remember When (Side B) 2:10
8- Same Old Thing (3:08)
9- So He Won't Break (4:13)
10- Oceans & Streams (4:13)
11- Things Ain't Like They Used To Be (4:54)


Opinião própria: "Psychotic Girl" e "I Got Mine" já valem o disco.
Ouça no My space.



terça-feira, 22 de julho de 2008

Hora de Rush

Em meu último post avisei que escreveria sobre AC/DC, mas como sou demorado, meu amigo Daniel tomou a frente. Ele disse tudo o que eu poderia pensar sobre essa tremenda banda de rock e isso você confere logo abaixo. E já que eu não posso mais falar de Angus Young e companhia, decidi recorrer a minha muxtape da semana passada para inspiração e conclui que discorrer sobre o grupo da sexta faixa, Rush, era uma boa idéia e que comentar o DVD Rush in Rio era melhor ainda.

Então vamos lá! O show vem em uma caixinha estilo digipack com dois CDs: um de extras e outro com a apresentação de mais de duas horas no Maracanã lotado, em 2002. Cada minuto é valioso. O que mais empolga é que os brasileiros são loucos pelo trio canadense, tanto que os músicos fizeram uma produção incrível. Para se ter uma idéia, foram usadas 22 câmeras e o som é do caralho (fica ainda melhor se você conseguir escutar em algum home theater).

Todas as grandes músicas dos caras, que vem colecionando hits desde o fim dos anos 70, foram selecionadas para o momento. “Closer to the heart”, inclusive, foi especialmente dedicada aos cariocas, que parecem eleger o tema como favorito. Já as minhas preferidas são “The Pass” e “Bravado”, que são das mais melodiosas. As pesadinhas também são muito boas, como "YYZ", mas é nas lentas que o baterista Neil Peart arregaça. Na verdade ele destrói, com sempre, em todas as músicas e, é claro, faz um solo fantástico em determinada hora. Só é uma pena que o batera não abra espaços para improvisações: todas as notas que toca podem ser ouvidas exatamente nos mesmos lugares em outras ocasiões.



O DVD ainda tem algumas faixas secretas, umas entrevistas... Enfim, a banda valoriza o seu dinheiro mesmo. Outra coisa boa é que quase todas as faixas podem ser encontradas no YouTube (separei duas boas pra vocês darem uma olhada no final). E para saber ainda mais, dê um pulinho no site oficial dessa produção.

Ficha técnica



Rush in Rio - Rush
Lançamento original: outubro de 2003
Gravadora: Atlantic/Anthem

Músicas

1. Tom Sawyer - 5:04
2. Distant Early Warning - 4:50
3. New World Man - 4:04
4. Roll the Bones - 6:15
5. Earthshine - 5:44
6. YYZ - 4:56
7. The Pass - 4:52
8. Bravado - 6:18
9. The Big Money - 6:03
10. The Trees - 5:12
11. Freewill - 5:48
12. Closer to the Heart - 3:04
13. Natural Science - 8:34
14. One Little Victory - 5:32
15. Driven - 5:22
16. Ghost Rider - 5:36
17. Secret Touch - 7:00
18. Dreamline - 5:10
19. Red Sector 'A' - 5:16
20. Leave That Thing Alone - 4:59
21. O Baterista - 8:54
22. Resist - 4:23
23. 2112 - 6:52
24. Limelight - 4:29
25. La Villa Strangiato - 10:05
26. The Spirit of Radio - 5:28
27. By-Tor and the Snow Dog - 4:34
28. Cygnus X-1 - 3:12
29. Working Man - 5:48
30. Between Sun & Moon - 4:51 (somente no CD)
31. Vital Signs - 4:58 (somente no CD)



The Pass



Bravado

domingo, 20 de julho de 2008

O show perfeito do AC/DC

Talvez o álbum If You Want Blood You’ve Got It, gravado em 1978 em Glasgow, Escócia, seja o melhor registro ao vivo do AC/DC. A energia, o entusiasmo com cada nota e cada solo de Angus Young, a reação instintiva da platéia... Tudo tocado com uma força rara hoje em dia. Mais uma do fundo do baú: o primeiro disco ao vivo da banda australiana conhecida por seu peso e sua vibração (não gosto da expressão hard rock), e também o último registro ao vivo do vocalista Bon Scott, que morreria quase dois anos depois, logo após o lançamento do fantástico Highway to Hell, por causa de um acidente com bebidas e drogas.



Esse disco representa para mim a essência de um bom show de rock. Introdução incrível com a veloz “Riff Raff”, diversão com “The Jack” e um final digno da maior banda da época com “Let There Be Rock”.

Preciso abrir um espaço aqui para falar do guitarrista Angus Young, nascido em Glasgow, Escócia. O raio que cruza o nome AC/DC representa o que esse cara faz em cima do palco: os riffs poderosos, os solos pontiagudos e a movimentação louca pra lá e pra cá fazem dele o guitarrista mais elétrico que eu já vi. A formação musical adquirida dos grandes nomes do blues norte-americano, como Muddy Waters, deixam Angus à vontade para movimentar-se entre solos lentos e doloridos, enquanto que seu pulsante desejo de balançar a cabeça ao ritmo pesado e metálico produzido pelos companheiros de banda também o deixam à vontade para marretar sua personalizada Gibson SG sem piedade.



Ouçam.


Ficha técnica





















If You Want Blood You've Got It
- AC/DC
Lançamento original: outubro, 1978
Gravadora: Albert

Músicas para download - Vol. 1 e Vol. 2

1 - Riff Raff (5:10)
2 - Hell Ain't A Bad Place To Be (4:02)
3 - Bad Boy Boogie
4 - The Jack (5:43)
5 - Problem Child (4:32)
6 - Whole Lotta Rosie (3:50)
7 - Rock 'N' Roll Damnation (3:30)
8 - High Voltage (6:00)
9 - Let There Be More Rock (8:15)
10 - Rocker (3:00)


terça-feira, 15 de julho de 2008

Novo clipe do Radiohead no Google

O novo clipe "House of Cards" do Radiohead não foi gravado com câmeras. Utilizando uma espécie de radar de lasers e computação gráfica, todo o clipe pode ser visto de forma interativa em um site hospedado pelo Google. É pesadinho, mas é bem legal, tem o making of e outras surpresinhas agradáveis para quem quiser brincar com a ferramenta... Você também pode incluir no seu iGoogle um aplicativo com o clipe, making of e os moldes em 3d para ficar brincando com o rosto de Thom Yorke formado por pontinhos azuis de laser. Dá pra perder uns bons minutos viajando...





domingo, 13 de julho de 2008

Finalmente

Bom, com muito atraso, chega minha muxtape. Se tivesse que apontar alguma linha de coerência, diria que tentei escolher músicas com boas baterias ou com um suingue bacana. A primeira, do AC/DC, ilustra bem isso. Aliás, ela também tem tudo a ver com o meu próximo post. Aguardem!

P.S.: FELIZ DIA MUNDIAL DO ROCK

A guitarra do Blur

Nos anos 90, apenas uma banda chegou perto de roubar do Oasis o trono de rei do britpop, e ela se chamava Blur. Só não conseguiu porque o rock universitário irônico e inteligente da banda era complicado demais e o povão se derretia mesmo era pelos refrões hipnóticos de Noel Gallagher. Aos nerds de "Parklife", "Boys and Girls" e "Song2" restou o legado de bandas que receberam o rótulo de art-rock e capas com imagens estranhas e belas. O final da história todo mundo sabe, mas nem sempre é triste quando uma de suas bandas favoritas acaba - de vez em quando essa separação faz com que dois bons artistas solo apareçam. No caso do Blur foi bem isso e, depois que Damon Albarn e Graham Coxon deixaram de dividir discos e palco, ficou bem claro o que cada um fazia dentro da banda... ou deixou de fazer.

Albarn já estava com dois pés no experimentalismo pop. O primeiro álbum da banda de desenho animado Gorillaz consegue ser ousado e irrestível em sua mescla de trip-hop e qualquer outra coisa que não fosse o Blur. Entretanto, o último disco de sua sobrevivente banda, Think Tank é chato e pretensioso - gravar no Marrocos não ajudou em nada e, sim! como fez falta a guitarra criativa, às vezes caótica e ruidosa, às vezes bela e com timbre puro de Fender Telecaster de Graham Coxon, aquele cara com vozinha tímida que canta no clipe da caixinha de leite - esse você viu né?

Na mesma medida que Think Tank é chato, o disco Happiness in Magazines de Coxon é excelente, e com ele você consegue entender qual papel o guitarrista desempenhava na banda. Era ele que pegava as viagens experimentais e às vezes estranhas demais de Albarn e dava a elas a roupagem de rock com guitarra distorcida que o Blur pedia. Já indiquei aqui a faixa "Bittersweet Bundle of Misery", mas o disco todo é bom. Está aí.

P.S.: felizmente, Damon Albarn voltou a acertar com The Good, the Bad and the Queen, mas aí é outro assunto.

P.S.: É realmente um disco solo este do Graham Coxon. Ele tocou tudo, exceto arranjos de corda/sopro e algum orgão e piano.





Ficha Técnica



Graham Coxon - Happiness in Magazines
Lançado em Maio de 2004

  1. "Spectacular" – 2:48
  2. "No Good Time" – 3:21
  3. "Girl Done Gone" – 3:57
  4. "Bittersweet Bundle of Misery" – 4:53
  5. "All Over Me" – 4:16
  6. "Freakin' Out" – 3:42
  7. "People of the Earth" – 3:04
  8. "Hopeless Friend" – 3:22
  9. "Are You Ready?" – 4:42
  10. "Bottom Bunk" – 3:16
  11. "Don't Be a Stranger" – 3:29
  12. "Ribbons and Leaves" – 4:11

Aqui vai o clipe de "Bittersweet Bundle of Misery", que é muito legal, apesar de que contrariando o que eu disse, ele usa uma Fender Jaguar. Atenção para o principal ator, o cachorrinho salsicha!



sexta-feira, 11 de julho de 2008

Direto do forno: Fleet Foxes

Vou tentar lançar uma nova onda aqui no renovado Ferrugem. A idéia é toda sexta-feira colocar algum álbum quentinho do forno e cheirando a sucesso para download. Não tenho a mínima pretensão de postar a melhor coisa do mundo ao estilo Lúcio Ribeiro de ser (arrghh!!).

Abro a cartola com uma banda de Seattle chamada Fleet Foxes. Não, eles não tentam carregar o legado do Pearl Jam. Pelo My Space a turma define seu estilo como um folk carregado no barroco de Bach. Tudo bem, parece chato, mas não é!

As comparações e os adjetivos foram tirados de uma ótima resenha publicada hoje no New York Times A tradução é livre:

- Fleet Foxes combina o velho e melódico country-rock de Crosby Stills Nash & Young com o estilo despojado de My Mourning Jacket e Band of Horses.

- A banda de Seattle toca algo que Graham Parsons (ex-The Byrds) chamou de música cósmica americana.

- As harmonias vocais do grupo soam como uma mistura de Brian Wilson e Wayne Coney, do Flaming Lips. (Desculpa, mas essa eu não concordo!)

Opinião própria: os caras construíram um som suave e gostoso de se ouvir ao pôr-do-sol com uma garrafa de tereré a tira-colo. As músicas “Sun Giant” e “Mikonos” são atmosféricas (!?).

O disco Fleet Foxes (primeiro da banda) pode ser encontrado neste bizarro blog: http://baransworld.blogspot.com/2008/06/fleet-foxes-fleet-foxes.html




Um yakisoba da Paulista para quem descobrir qual é a língua desse blog.

rock and roll can never die...

Guitarrista do Rolling Stones troca mulher por garçonete russa - leia aqui nota do UOL

Acesse aqui a matéria original, do tablóide THE SUN

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Recomendações na Muxtape!

Oi gente, tudo bem?
Tem coisa nova na minha muxtape. Recomendo fortemente a música do ex-Blur Graham Coxon, "Bittersweet Bundle Of Misery", além da segunda da lista, "The Police and the Private" dos já citados Metric.

Até!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Ele não precisa de pedal


Brian Setzer é um exemplo de técnica aliada ao bom gosto. Sim, ele toca muito, é um monstrinho que consegue desferir notas rapidamente. Ele poderia usar esse super poder a serviço do mal e gravar um disco de metal? Talvez, mas graças aos bons céus, ele é uma espécie de louco varrido que resolveu montar uma banda de rockabilly nos anos 80, contanto somente com sua guitarra, uma bateria mínima e um baixão de pau. E os Stray Cats deram muito certo, em uma época em que sintetizadores e sonoridades "modernas" estavam detonando.


Além disso, o cara não só é endorser da Gretsch (ou seja, garoto-propaganda de uma das marcas mais lindas e tradicionais de guitarra do mundo - de bateria também) como tem de fato um modelo com seu nome, a Nashville Brian Setzer Signature. Repare: no lugar de potenciômetros normais, dados de seis lados, além de sua assinatura. Uma guitarrinha dessas em lojas brasileiras sai por uns R$20.000, ou seja, "praticamente não compensa". Artigo de luxo mesmo - e ela é de fato uma jóia.



O disco de hoje é o excelente 13, de 2006, que traz uma pegada mais roqueira do que os trabalhos que Setzer gravou com a Brian Setzer Orchestra. O som é sensacional e o timbre do guitarrista, bem característico. Vale a pena conhecer o álbum, com especial atenção à faixa "Really Rockabilly", em que ele tira uma onda da galera que fica rotulando gêneros e subgêneros.


Ficha Técnica







Brian Setzer - 13


Músicas para download
  1. "Drugs & Alcohol (Bullet Holes)" - 4:57
  2. "Take A Chance On Love" - 4:01
  3. "Broken Down Piece Of Junk" - 2:43
  4. "We Are The Marauders" - 2:28
  5. "Don't Say You Love Me" (Matt Rocker) - 3:19
  6. "Really Rockabilly" - 3:09
  7. "Rocket Cathedrals" (Robert Bryan) - 2:51
  8. "Mini Bar Blues" - 2:03
  9. "Bad Bad Girl (In A Bad Bad World)" - 4:29
  10. "When Hepcat Gets The Blues" - 2:49
  11. "Back Streets Of Tokyo" - 4:48
  12. "Everbody's Up To Somethin'" - 2:47
  13. "The Hennepin Avenue Bridge" - 3:09
Para finalizar, este vídeo (infelizmente em qualidade sofrível) em que Setzer começa a chamar grandes guitarristas no palco, ainda na época do Stray Cats. No final da história, além de David Gilmour, Van Halen (farofeiro!) e BB King, até a lenda viva Les Paul sobe para a canja. É até assustador, todos eles tocando o clássico de Carl Perkins "Blue Suede Shoes"


MUXTAPE da semana (2)

Essa brincadeira de muxtape realmente é divertida! Ainda estamos no processo de colocar uma por semana aqui no Ferrugem! Mas pelo jeito só eu lembrei... Fica aqui o convite para os outros colunistas do Ferrugem.



Tentei diversificar um pouco nessa! Dificilmente irá agradar a todos... Começa com uma clássica do Grateful Dead, do disco American Beauty, segue uma da Banda Black Rio e depois a lindíssima “Homeless”, da época em que Paul Simon ficou fascinado pelos cantos sul-africanos.

danielmarques2.muxtape.com