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quinta-feira, 31 de julho de 2008

A piada que ficou sem graça

Tive um acesso de boa vontade e resolvi ouvir o novo disco do CSS, a bandinha brasileira mais famosinha no exterior (desculpem-me pelos diminutivos, mas eu não consigo evitá-los). Quem já lê o ferrugem há algum tempo já deve ter sacado, pelo teor das postagens, que o nosso negócio não é postar o que está estourando no blog do Lucio Ribeiro (nada contra, eu mesmo visito o blog com certa assiduidade e separo o joio do trigo) e sim o que a gente acha que é bom, com muito (e merecido) espaço às velharias, mas resolvi abrir uma exceção.


Donkey, o tal disco do CSS, é, pelo que todos os críticos estão falando, polêmico porque é mais sério e traz mais guitarras (vejam só o sinal dos tempos, guitarra, hoje, é sinal de seriedade). Francamente, não consigo entender o que uma série de músicas enfadonhas, repetitivas e absolutamente insossas até para dançar – já que, aparentemente, este é um dos apelos da banda – podem ter de polêmicas. A verdade é que o CSS deve ter percebido que seria impossível fazer um álbum como o primeiro de sua carreira, que tem seu trunfo na novidade exótica, para a gringaiada dizer: “olha, tem uma japonesinha bochechuda dando pulinhos, e ela vem de um país tropical, do terceiro mundo, que, até onde eu sabia, só toca samba e bossa nova”.

O CSS não podia repetir a piada. De fato, não repetiu, mas contou uma muito sem graça. No fim das contas, o CSS esbarrou na própria inaptidão e, na tentativa de fazer um disco sério, fez um disco chato.

Donkey é um album repleto de lugares comuns do indie rock, como músicas começadas com riffs de baixo, tecladinhos, guitarras limpas tocando fraseados pegajosos e refrõezinhos com uma batida disco. Soma-se a essa falta de inovação o vocal de Lovefoxxx, que, de tão limitado, permite que ela cante, no máximo, umas três notas por música. Duas músicas destoam um pouco desse estilo, e por isso mesmo, são menos piores: "I Fly" e "Move". A primeira traz uma guitarrada honesta (mas que eu duvido que a moça do CSS consiga tocar) e a segunda é a melhor música do disco, porque traz um vocal um pouquinho mais melódico (mas fica claro, mesmo na gravação, que a Lovefoxx vai desafinar ao vivo ao cantar essa música) e porque me lembra muito uma música de que gosto do Men At Work (para um disco tão ruim, isso é um baita elogio).

Minha conclusão é: se você quer ouvir um bom indie rock dançante, vale muito mais a pena esperar o novo disco do Franz Ferdinand.


A única coisa boa de Donkey é a iniciativa da Trama, que distribui o disco aqui no Brasil, em disponibilizar o download gratuito no seu site oficial. Ou seja, quem quiser discordar de mim, pode entrar lá e baixar, mas eu, sinceramente, acho que o tempo de vocês pode ser gasto com piadas mais engraçadas.

Ficha Técnica















Donkey - CSS (Cansei de Ser Superestimado)

Lançamento oficial: 21 de julho de 2008

Músicas para download

1-"Jåger Yoga" — 3:49
2-"Rat Is Dead (Rage)" — 3:19
3-"Reggae All Night" — 3:54
4-"Give Up" — 3:21
5-"Left Behind" — 3:31
6-"Beautiful Song" — 3:28
7-"How I Became Paranoid" — 3:26
8-"Move" — 3:53
9-"I Fly" — 3:17
10-"Believe Achieve" — 3:36
11-"Air Painter" — 3:48

9 comentários:

Guilherme disse...

Eu sabia que tinha que ser o Juliano para escrever essa crítica...

Marcelo Cobra disse...

excelente.

daniel marques disse...

desculpem a baixaria: esse post representa um marco, um pau na bunda de muita gente que se diz "crítico musical".

Fantástico.

Adriano Conter disse...

Tava faltando, faz tempo, alguém falando mal de uma banda. Fico feliz que essa banda tenha sido o CSS.

Fel Mendes disse...

Eu também cansei.
Gostei juliano! Vc tem especial poder de acabar com as coisas das quais não gosta!

Anônimo disse...

Adorei Ju, CSS está para você como Jogo Subterrâneo está para mim, hahahahaha!

Unknown disse...

confesso que não li o post todo, só o final, e vi algo como "a única coisa boa do disco é que.."

porra, cara.
donkey é do caralho sim. você disse que separa o joio do trigo lendo o blog do lucio ribeiro, então deve separar também o preconceito acerca da banda e a qualidade do som.

"move" e "how i became paranoid" anima qualquer um numa pista.
ouça novamente.

abraço, e parabéns pelo blog. é fineza demais.

abraço pro tchu.

Anônimo disse...

Ufa! Pronto alguem falou! Tava na hora!

Anônimo disse...

Detalhe pros marcadores: lixo. rárárá