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terça-feira, 13 de maio de 2008

Artesãos do Silêncio


Não sei quanto a vocês, mas eu me lembro de não ter gostado do filme 9 Canções quando assisti. Mas gostei de algumas canções que não conhecia, e que de cara me pegaram desprevenido. A primeira delas era “Fallen Angel”, do ótimo disco Cast of Thousands. Demorei um pouco pra descobrir qual banda era aquela, mas ouvir o disco depois foi recompensador. O lance é que, ouvindo o disco, pude perceber que o Elbow era uma banda bastante autêntica, e se é difícil dizer que o que eles fazem não é rock, fica mais difícil ainda explicar como é o rock que eles aprontam. Dá pra dizer que, de um jeito esquisito, suas músicas tem uma pegada radiofônica, só que eles apontam sempre para um jeito pouco convencional de produzir as canções.

Um ou outro pode dizer que lembra Coldplay. Eu respondo que em alguns pontos, principalmente de discos antigos, as músicas mais lentas podem pender para uma balada coldplayana - o que não é ruim! Acontece que a banda do Chris Martin resolveu ficar grande demais, e não usam o silêncio tão bem - coisa que o Elbow sabe fazer como pouquíssimas bandas da atualidade.

Acredito que um dos grandes trunfos da banda é a voz rouca e aveludada do vocalista/compositor Guy Garvey. Mas não pára por aí. O que faz desse disco uma coisa tão boa é o clima que as faixas criam, individualmente. “Grounds for Divorce” é uma obra-prima, algo que eu chamaria de protótipo do rock inglês perfeito. É ácida onde precisa ser e doce quando você pede um bom refrão. A ironia de “An Audience with the Pope” é sensacional, e você não precisa da letra pra senti-la. “On a Day Like This” também merece ser comentada, já que é a música perfeita para você sair andando por aí num dia como esse, meio frio, em uma avenida movimentada, tentando ler o rosto das pessoas. O arranjo de cordas no estilo “She's Leaving Home” substitui o que poderia ser um riff de guitarra. E tudo funciona muito bem: preste atenção no refrão, quando Garvey alcança a nota mais alta. É de arrepiar.

The Seldom Seen Kid é um álbum maduro, sombrio e belo, produzido por uma banda que nunca de fato estourou ou virou uma estrela do mainstream, ainda que aqueles que a admiram tenham formado uma espécie de clube secreto. Se o álbum vermelho do Weezer promete ser um dos melhores do ano, então este parece ser um belo concorrente, não menos que à altura.


Ficha Técnica


Elbow - The Seldom Seen Kid


Lançado em 2008 pela Polydor


Produzido por Craig Potter (tecladista da banda)

  1. "Starlings" - 5:20
  2. "The Bones of You" (Elbow; contains elements of "Summertime" by George Gershwin, Dubose Heyward, Dorothy Heyward & Ira Gershwin) - 4:49
  3. "Mirrorball" - 5:50
  4. "Grounds for Divorce" - 3:39
  5. "An Audience with the Pope" - 4:27
  6. "Weather to Fly" - 4:29
  7. "The Loneliness of a Tower Crane Driver" - 5:14
  8. "The Fix" (Elbow, Richard Hawley) - 4:27
  9. "Some Riot" - 5:23
  10. "One Day Like This" - 6:34
  11. "Friend of Ours" - 5:01
  12. "We're Away" (UK bonus track) - 1:59

O arquivo que tenho aqui é grande demais pra dar upload, mas você pode achar o álbum nesses links:


http://rapidshare.com/files/102543289/elbow8.zip



ps: dá uma olhada no site dos caras em www.elbow.co.uk


ps2: não, o disco não foi lançado no Brasil.


ps3: se você estiver com preguiça de baixar, ouça pelo menos o single "Grounds for Divorce" clicando ali em cima no link com o nome da música. é o myspace da banda.


ps4:se você ficou curioso pra saber qual foi a outra música que gostei muito, te digo que é uma do Michael Nyman chamada "Debbie". Já ouviu?


14 comentários:

Anônimo disse...

puxa vida, legal ver um disco do elbow no site de vcs... axo eles fodões.

Anônimo disse...

ps5. Não tem Ps.

Anônimo disse...

Ó Spera André, ruim filme, ruim música. Mas o que é o ruim alheio ao bom? Não sei o que pensar. Vou elaborar uma metapeça. Saudações.

Anônimo disse...

hamlet nunca foi tão burro...

Anônimo disse...

hamlet nunca foi tão burro...

Anônimo disse...

caio nunca foi tão repetitivo

Anônimo disse...

O imperador Caio Tulio, solenemente, proferiu as seguintes palavras: "Hamlet nunca foi tão burro".

Anônimo disse...

cale-se, escriba

Anônimo disse...

Virou bagunça.

andré spera disse...

estranho, alguma coisa me diz que muitos desses comentários são feitos por amigos do blog que criam personagens... acho que não né? eu devo ter viajado...

aline gianazzi disse...

é, andré.
também não é bem isso, não hein.

Juliano Coelho disse...

Então, ouvi. Achei bem bom, acima da média. Só achei que lá pelo miolo, nas músicas 6 e 7, o disco perde o fôlego e fica um pouco repetititvo. Mas depois ele volta bem de novo nas músicas finais. Eu senti que o elbow mandou a semelhança com o coldplay pro espaço e só ganhou com isso. Além disso, algumas músicas tem uma pegada meio gipsy muito legal.
mas não é o melhor disco do ano não. Acho que o do Weezer vai ser melhor, o do cavalera conspiracy é bem melhor e, finalmente, o do Portishead é consideravelmente mais genial.

Anônimo disse...

To the owner of this blog, how far youve come?

Sergio disse...

Grande lembrança, Spera! Elbow é o fino da bossa. Enquanto procurava o espaço dos comentários, tocou inteira "Grounds For Divorce", um petardo! Não baixei o álbum por aqui pq esse rapid share, com seus gatinhos entocados em letras tortas é de phoder a paciência!... Mas dessa banda achava que tinha tudo, até vc me aparecer com este lançamento. Ainda escuto (amarradão) enquanto escrevo... E só o que tenho a acrescentar é: grande lembrança, Spera! Grato, muito grato, gratíssimo!