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terça-feira, 20 de maio de 2008

Assinatura de gênio

Há um tempo atrás postei aqui um dos meus discos favoritos do Paul McCartney, Tug of War, de 1982. Tenho certeza de que não foi uma unanimidade, principalmente por conta de alguns – poucos – timbres do disco, que acabaram por soar datados. É verdade, mas isso não acontece com este pequeno pedaço de genialidade aqui...

Bom, o cenário é o seguinte: os Beatles acabaram há um ano atrás, e cada um resolveu ir pro seu canto. O primeiro trabalho solo do Paul havia sido lançado quase que junto com o último disco da banda, o tumultuado Let It Be. Se isto já era razão para celeuma, o conteúdo do disco só aumentava o estranhamento para com o público. O álbum McCartney, totalmente feito em casa, continha algumas boas canções (inclusive “Teddy Boy” que chegou a ser ensaiada pelos Beatles) e algumas linhas geniais como “Junk” e a mais famosa do álbum, a avassaladora “Maybe I'm Amazed”, mas em sua maioria, as faixas continham praticamente idéias, recortes e músicas instrumentais. Estranho, já que estamos falando do Paul McCartney. Então o que esperar de um álbum vindo do ano seguinte, mais experimentos e idéias desconexas? Exatamente o contrário.

Ram trouxe Paul de volta ao holofotes depois de uma espécie de auto-exílio em uma propriedade no campo, na Escócia, apenas com sua mulher e suas duas filhas na época. O trabalho acabou sendo uma espécie de terapia para um artista que passou toda a sua carreira como um integrante de um grupo. Gravado em Nova Iorque, e assinado por Paul e sua mulher Linda Eastman McCartney (por razões judiciais), Ram é no mínimo um álbum excelente: não posso discutir com aqueles que consideram este o melhor álbum da era pós-Beatles.

Muito mais bem trabalhado que seu antecessor, e mesmo assim com uma sonoridade
aconchegante, com esse disco Paul conseguiu mostrar ao mundo que não, a sua capacidade de criar canções inovadoras, extremamente melódicas e às vezes complexas não havia esmaecido: observe o arranjo emocionante de “Dear Boy”, ou a progressão de “Uncle Albert/Admiral Halsey”, que na verdade é mais uma de suas suítes, ou seja, uma música composta por outras musiquetas combinadas – como “Band on the Run”. Monkberry Moon Delight é outra das faixas absolutamente geniais, em que, como poucos conseguem fazer, Paul criou uma atmosfera lunática e bem-humorada, com um vocal agressivo, que me parece um tanto inspirado em Little Richard. Antes de ir para um parágrafo abaixo, também recomendaria a brian-wilsoniana “The Back Seat of My Car” e é claro, uma das faixas-bônus mais tocadas do planeta – na época ela saiu como single - “Another Day, que possui uns três andamentos diferente, uma letra belíssima e a melodia... bom, vocês sabem como Paul McCartney é foda - porque ele consegue fazer tudo isso sem parecer cabeçudo ou pretensioso. Flui e pronto, você aceita isso e admira.

No fundo, eu não poderia indicar somente essas faixas, porque o disco inteiro é lindo, e sim, desta vez estamos falando de um puta clássico, seu velho cão safado.

ps: na época, dizem por aí que "Dear Boy", "Too Many People" e "The Back Seat of My Car" continham elementos que se referiam ao John Lennon. Pessoalmente, acho que é paranóia de gente querendo achar significado em tudo. Mais um ponto pra você: puxe o disco e me conte o que você achou.

Ficha Técnica

Paul & Linda McCartney - Ram

Lançado em 1971 (esse disco que você vai puxar é a reedição em CD, com faixas bônus)

Produtor: Paul & Linda McCartney


Músicas para Download

  1. "Too Many People" (P. McCartney) – 4:10
  2. "3 Legs" (P. McCartney) – 2:48
  3. "Ram On" (P. McCartney) – 2:28
  4. "Dear Boy" – 2:13
  5. "Uncle Albert/Admiral Halsey" – 4:55
  6. "Smile Away" (P. McCartney) – 3:53
  7. "Heart of the Country" – 2:22
  8. "Monkberry Moon Delight" – 5:22
  9. "Eat at Home" – 3:20
  10. "Long Haired Lady" – 6:05
  11. "Ram On" (P. McCartney) – 0:55
  12. "The Back Seat of My Car" (P. McCartney) – 4:28
  13. bônus: "Another Day"
  14. bônus: "Oh Woman, Oh Why"
  15. bônus: "A Love for You" (outtake!)
  16. bônus: Jam Session: Rode "All Night"
Aqui, o divertidíssimo clip de "Heart of the Country". Repare no clima rural que ele estava vivendo nessa época...

9 comentários:

Anônimo disse...

george se contorseu na tuma..."melhor disco pós-beatles".
Bom, mas deixa disso. Só queria falar que: "maybe i'm amazed" tem a melhor definição de um grito escandaloso e lírico do mundo. as hipérboles podem fazer ruir o mundo no futuro.

Anônimo disse...

contorseu, isso tá certo? ou é contorceu?

Anônimo disse...

tenho a sensação, caro abul, de duas coisas. uma é que você precisa estudar gramática, e outra é que acho que o colunista quis dizer que é o melhor disco pós-beatle do PAUL, já que o post é sobre ele...

Anônimo disse...

E o célebre inimigo das forças sacro-imperiais romanas germânicas, o imperador mouro Abul Abdallah, escreveu em desastrada linguagem: "george se contorseu na tuma".

Anônimo disse...

aeee galera ferrugem, como uma baterista mulher!! acho uqe nao poderia faltar um do ring tmb .rss rs... mas o paul é mesmo mto fofu!

Anônimo disse...

Além de "contorseu" estar errado, "há um ano atrás" é pleonasmo!!!

Anônimo disse...

Gozado como o Abul tem mais repercussão do que o Paul.

Será que estamos invertendo os papéis e trocando o besouro mais importante por um digitador desastrado?

Anônimo disse...

Ive read this topic for some blogs. But I think this is more informative.

Fel Mendes disse...

Ah, esse sweep é pra gente clicar nele. Por isso as mensagens tão sem sentido.