Os membros do Deep Purple original já afirmavam antes mesmo do hype do heavy metal ganhar proporções infelizes, que odiavam serem rotulados como uma banda de hard rock, ou seja lá o que isso significa. No começo de sua carreira, esta banda inglesa tinha cabelos razoavelmente longos, bigodes esquisitos, roupas piores ainda. Sim, eram psicodélicos. O primeiro disco do grupo Shades of Deep Purple, lançado em 1967, contém a formação original: Rod Evans no vocal, Ritchie Blackmore destruindo na guitarra, Nick Simper no baixo, o tecladista Jon Lord, também responsável pelos arranjos de corda, e Ian Paice na bateria. Com esta mesma gangue, surgiu o desconhecido e, pra mim, o melhor disco do Purple.
Altamente influenciado pelos mitos anglo-saxões, sempre identificados como a paixão de Blackmore, carregado de citações clássicas e bastante pesado para a época, o Deep Purple lançou o disco The Book of Taliesyn no ano seguinte de seu primeiro esforço. A música de abertura “Listen, Learn, Read On” narra sobre uma época na qual o homem era ensinado pela vida, passando por provações religiosas e atingindo a glorificação pelo punho de sua espada. O título do disco, aliás, é emprestado do manuscrito Livro de Taliesin, do famoso poeta homônimo do País de Gales, que organizou o livro com outros vários poemas de origem oratória.
Essa viagem ao século VI influenciou outras grandes bandas, como Uriah Heep e Wishbone Ash, e também marcaria uma grande virada na carreira do guitarrista Ritchie Blackmore. Antes do novo milênio, formou a banda Blackmore’s Night, na qual utiliza somente instrumentos folclóricos e compartilha o palco com a bela voz de Candice Night (veja o tamanho da piração em http://www.blackmoresnight.com/).
Embora este disco também apresente linhas mais agressivas, diferentemente do estilo mais voltado ao blues e aos experimentalismos da geração de 60 que o primeiro esforço da banda apresenta, The Book o Taliesyn ainda contém as bases sobre as quais o Deep Purple foi criado. Exemplo disso é a música “Kentucky Woman”, uma releitura da versão clássica composta por Neil Diamond.
Não me entendam errado. Deep Purple é uma das maiores bandas já criadas e seu repertório é um dos mais impressionantes da música. Mesmo assim, as raízes que transformaram o grupo em um sucesso que ainda hoje movimenta bastante o mercado, exemplo é o próximo show que farão nesta sexta-feira (dia 22), em São Paulo, foram esquecidas. The Book of Taliesyn é um marco na história da música inglesa e negligenciar isso em detrimento ao hard rock de épocas mais comerciais é triste.
Embora este disco também apresente linhas mais agressivas, diferentemente do estilo mais voltado ao blues e aos experimentalismos da geração de 60 que o primeiro esforço da banda apresenta, The Book o Taliesyn ainda contém as bases sobre as quais o Deep Purple foi criado. Exemplo disso é a música “Kentucky Woman”, uma releitura da versão clássica composta por Neil Diamond.
Não me entendam errado. Deep Purple é uma das maiores bandas já criadas e seu repertório é um dos mais impressionantes da música. Mesmo assim, as raízes que transformaram o grupo em um sucesso que ainda hoje movimenta bastante o mercado, exemplo é o próximo show que farão nesta sexta-feira (dia 22), em São Paulo, foram esquecidas. The Book of Taliesyn é um marco na história da música inglesa e negligenciar isso em detrimento ao hard rock de épocas mais comerciais é triste.
Ficha técnica:
The Book of Taliesyn – Deep Purple
Lançamento original: outubro, 1968
Duração: 43:57
Gravadora: Harvest Records (Reino Unido)
Músicas para download:
1. Listen, Learn, Read On – 4:05
2. Wring That Neck – 5:13
3. Kentucky Woman – 4:44
4. Exposition / We Can Work It Out – 7:06
5. Shield – 6:06
6. Anthem – 6:31
7. River Deep, Mountain High – 10:12
4 comentários:
Só a capa do disco já é um belo exemplar de desenho onde se pode gastar um bom tempo e ainda se "emarejar" com o bom som.
o segundo cara da foto é tipo o joey ramone.
Gostei muito. Mostra uma banda um pouco menos madura do que nos seus discos mais emblemáticos, mas, por isso mesmo, menos cabeçuda. Nem por isso, o disco deixa de ser um belo estudo de timbres e fraseado. Gostei particularmente de Shield, que tem uma percussão matadora e um belo tema quase monocórdico. Agora o peso mesmo eu não encontrei. Ao menos não tanto quanto no Machine Head.
Bela dica, Tchu.
A música Wring That Neck (originalmente chamada de Hard Road nos Estados Unidos por causa da agressividade do nome) foi a que mais tempo sobreviveu no setlist da banda após sua guinada em 1970 ao trocar Evans e Simper por Gillan e Glover respectivamente em busca de um som mais pesado. Era nela que aconteciam algumas das mais inspiradas trocas de solos entre Blackmore e Lord.
Postar um comentário