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segunda-feira, 2 de junho de 2008

Mestres do Groove

Eu já imaginava que a minha visita ao Borboun Street, famosa casa de shows em São Paulo, seria de graça. É a vida de um protótipo de jornalista do interior na capital brasileira da cultura: o que é de graça a gente traça. Mas é impossível reclamar depois de acompanhar uma das melhores apresentações ao vivo que já presenciei, o monstruoso jazz-funk do Godfathers of Groove, na terça-feira passada, dia 27 de junho, me deixou extasiado.


São três dos melhores instrumentistas desse estilo único que une o melhor de James Brown com a belíssima capacidade de improvisar dos mestres do jazz: Rueben Wilson, inabalável com seu Hammond B3 (pela primeira vez vi que um baixo não faz falta ao funk), Grant Green Jr., dono de um vozeirão impecável e mestre no solo oitavado, e o baterista Bernard "Pretty" Purdie, inventivo, simpático e que exalava groove.

Esses caras aí tocaram com alegria, sorriram com o público e demonstraram que virtuosismo é pura magia quando utilizado a favor da música. Ao lado de uísque e canapés chiquíssimos, o melhor do cardápio: uma mistura de soul, funk e jazz contagiante. Tocaram de tudo, desde a clássica trilha sonora de James Bond a "What's Going On", de Marvin Gaye. Esta música, aliás, pegou a galera de surpresa no Bourbon. Foi o último set do show e as cocotas já demonstravam cansaço, irritação ou simplesmente má educação. Mas foi logo Grant Green abrir a boca e soltar as primeiras palavras... "Mother, Mother"...

Delírio.

A minha adoração já havia se tornado completa quando, um pouquinho antes, os três negões emendaram uma versão funk da música "Sookie Sookie" com uma batida completamente nova para mim, a chamada "Purdie Shuffle". Puta merda! Conhecia uma versão feita pelo Steppenwolf em 1968 e desconhecia seus autores (Don Covay e Steve Cropper). Essa batida, aliás, é de autoria do baterista gordinho Bernard Purdie, que subverteu o tradicional shuffle (ouça "Poorboy Shuffle", do Creedence Clearwater Revival, ali em baixo) e o deixou cheio de veneno, com um groove inexplicável.



Confira o currículo das feras neste endereço: http://www.jwpjazz.com/masters.html

Outra opção: veja o vídeo promo de quando a banda era chamada Masters of Groove e contava ainda com o baixista Jerry Gemmott na formação


3 comentários:

Anônimo disse...

pois é, daniel marques, só faltou comentar a participação do excelente leo gandelman no sax - que só incrementou o som dos caras...

Fel Mendes disse...

O show foi bem bom, um dos melhores do programa Sala do Professor, que passa na rádio Eldorado.

Fiquei mais ainda apaixonado pelo som do Hammond! Eita instrumento bão!

Um êxtase!

daniel marques disse...

Porra! Jurava que tinha adicionado um parágrafo singelo sobre a boa participação de leo gandelman no sax! Contava um pouco sobre a aproximação bastante íntima entre o brasuca e os negões que frenqüentavam as mesmas casas e bares e tudo e tudo. Uma pena!

PS - todos conseguem ouvir o shuffle do Creedence? Tive problemas com essa porreta de widget